segunda-feira, 28 de março de 2011

A VELHA CONTRABANDISTA

Diz que era uma velhinha  que sabia andar de lambreta. Todo  dia ela passava pela fronteira montada na lambreta, com um  bruto saco atrás da lambreta.
O pessoal da alfândega- tudo malandro velho- começou a  desconfiar da velhinha.
Um dia quando  ela vinha  na lambreta com o saco atrás, o  fiscal da Alfândega mandou ela  parar. A velhinha parou e então o fiscal perguntou assim para ela :

_ escuta aqui vovozinha, a senhora passa por aqui todo dia, com esse saco aí atrás . Que diabo  a senhora leva nesse saco?
A velhinha sorriu com os poucos dentes que lhe restavam e mais  os outros que ela adquirira no odontólogo e respondeu.
- É areia.!
Aí quem sorriu foi o fiscal.Achou que  não era areia nenhuma e mandou a velhinha saltar  da lambreta para examinar o saco. A velhinha saltou, o fiscal esvaziou o saco e dentro só  tinha areia. Muito encabulado,  ordenou a velhinha que fosse  em frente. Ela montou na lambreta e  foi embora, com o saco de areia atrás.
Mas o fiscal ficou desconfiado ainda. Talvez a velhinha passase um dia com areia o outro com moamba, dentro daquele  maldito saco.
No dia seguinte, quando ela passou na lambreta com  o saco atrás , o fiscal mandou parar outra vez . Perguntou o que  é que levava no saco e ela respondeu que era  areia, uai!. O fiscal   examinou e era mesmo. Durante um mês seguido o fiscal interceptou a velhinha e, todas  as vezes, o que ela levava no saco era areia.
Diz  que foi aí que o  fiscal se chateou.
Olha vovozinha eu sou fiscal da Alfândega com 40  anos de serviço. Manjo essa coisa de contrabando pra burro .
Ninguém me tira da cabeça que a senhora é contrabandista.
Mas no saco só tem areia! insistiu a velhinha. E  já ia tocar a lambreta, quando o fiscal propôs:
Eu prometo à  senhora que deixo  a senhora passar. Não dou parte, não apreendo, não conto nada a ninguém , mas a senhora vai me  dizer: qual é o contrabando que  a senhora, está passando por aqui todos os dias?
- O senhor promete que não "espaia" -  quis saber a velhinha.
- Juro- respondeu o fiscal.
Ela disse:

É lambreta

                            (Este conto é de Stanislaw Ponte Preta)

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