segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

LITERATURA INFANTIL BRASILEIRA

Oh! bendito o que semeia
Livros..., livros à mão cheia
E manda o povo pensar!
O livro caindo n'alma
É germe que faz a palma
                É chuva que faz o mar ( Castro Alves)



A literatura infantil brasileira nasce no final do século XIX.
Antes das últimas  décadas dos oitocentos, a circulação de livros infantis era precária e irregular, representada principalmente por edições portuguesas. Só a elite brasileira que lia. Aos poucos é que estas passaram a coexistir com as tentativas pioneiras e esporádicas de traduções nacionais.
No cômputo geral as primeiras décadas republicanas assistiram à formação da literatura infantil brasileira.
O primeiro livro a ser publicado no Brasil foi  justamente Histórias da Carochinha, por  isso o termo foi associado ao folclore  (folk =  povo  e lore = sabedoria ou conhecimento) do nosso país, representando a figura de uma velha bondosa que distrai as crianças com suas histórias.
Daí nasceu a nossa Dona Carochinha.

Explicando:
Carocha, significa escaravelho, barata,  besouro
Carochinha é o diminutivo de carocha, assim então  barata,  baratinha.
Então podemos dizer que carochinha e uma palavra portuguesa que se chama baratinha.
Quem não conhece a história da Dona baratinha  "que tem fita no cabelo e dinheiro na caixinha".

A Cora Coralina (1889-1985)) considerada a grande poetiza de Goiás, também tem um texto infantil
que diz assim:

                        Estórias da Carochinha

Minhas estórias da  Carochinha, meu melhor livro de leitura
 capa escura, parda, dura, desenhos em preto e branco.
Eu me identificava com as estórias.
Fui Maria e Joãozinho perdidos na floresta.
Fui a Bela Adormecida no bosque.
Fui Pele de Burro.Fui companheira do Pequeno Polegar
e viajei com o Gato de Sete Botas.
Morei com os anõezinhos.
Fui Gata Borralheira que perdeu o sapatinho de cristal
na correria da volta, sempre à espera do principe encantado,
desencantada de tantos sonhos
nos reinos da minha cidade.  (Do  Meu Melhor livro de leitura)




Olavo Bilac (1865-1918), poeta parnasiano coo-fundador da Academia Brasileira de Letras, eleito o primeiro "Príncipe dos Poetas", também escreveu  um poema infantil, que diz assim:

             
          A BONECA

Deixando a bola e a peteca
Com que inda há pouco brincavam
Por causa de uma boneca
Duas meninas brigavam.

Dizia a primeira:  É minha!
- É minha! a outra gritava;
E nenhuma se continha,
Nem a boneca largava.

Quem mais sofria (coitada!)
Era a boneca. Já tinha
Toda roupa estraçalhada
E amarrotada a carinha.

Tanto puxaram por ela,
Que a pobre rasgou-se ao meio
Perdendo a estopa amarela
Que lhe formava o recheio

E ao fim de tanta fadiga,
Voltando à bola e à peteca
Ambas, por causa da briga
Ficaram sem a boneca...       (Olavo Bilac do livro Poesias Infantis)



Em tempo:

Essa poesia A Boneca ei vi pela primeira vez quando estudava no Grupo  Thomaz Antonio Gonzaga, no 2º ano escolar com 8 anos de idade. A professora era a Dona Salvadora Gimenes Padial, estávamos no ano de 1954.


________________________________________________

Postado pelo Prof. Augusto Amoroso de Lima- funcionário da Pesquisa Científica e Tecnológica, aposentado e Prof. de História e Sociologia,  aposentado


Nenhum comentário:

Postar um comentário