sexta-feira, 2 de maio de 2014

CRÕNICA




É uma narração histórica, segundo a ordem em que os fatos se vão dando; comentários que constituem uma seção de jornal.
É uma espécie de narrativa curta e condensada que capta um flagrante da vida, pitoresco e atual, real ou  imaginário, com uma ampla variedade temática.
A palavra crônica vem do grego KHRONOS e significa tempo. Em épocas passadas, designava qualquer documento de caráter histórico. Nesse sentido era cronista todo estudioso da História, hoje chamamos de historiador.
Atualmente, o termo é reservado para nomear uma modalidade narrativa breve, periódica, episódica e comunicativa, tendo merecido grande atenção por parte do público da crítica.
As personagens são definidas, apenas quanto ao momento da ação, pouco ou nada sendo dito sobre elas além do que possa interessar ao flagrante.
Existem na Literatura Brasileira atual, autores que fazem da crônica um grande meio de expressão literária. Os  quatro mais conhecidos e consagrados pela crítica são: Rubem   Braga, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Carlos Drummond de Andrade, além também de Clarice Lispector (1920-1977).
Eu escolhi Drummond de Andrade(1902-1987) que vocês verão logo abaixo:

Casa Arrumada

Casa arrumada é assim:
Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os móveis, afofando as almofadas...
Não eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo: Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim é aquela em que  os livros saem das prateleiras e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão é porque ali ninguém dança.
Casa com vida pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde. Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante, passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a  gente entra e se sente bem vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis  revirados por gente que brinca ou  namora a qualquer hora do dia. Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente

Arrume sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

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