quarta-feira, 14 de março de 2012

A POESIA DAS CARTAS

                                          Hoje é dia 14 de março, é  comemorado o dia  Nacional da Poesia e do Vendedor de Livros, por isso estou  escrevendo este texto.
A ONU proclamou a Declaração Universal dos Direitos do Idoso . É um documento da maior importância não tão conhecido  como deveria ser. Nele se afirma que o idoso  tem direito de continuar a viver em sua propria casa, cidade e ambiente social. Tem direito de decidir que tipo de assistência  prefere.
Ainda a Carta de Direitos dos Idosos, determina  que cabe ao governo o dever de assegurar a eles  uma renda  adequada a sobrevivência digna. Concordo com  tudo isso, mas acho que se omitiu a proclamação de um dos direitos do idoso:        o  direito   a   saudade     No  elenco  da Declaração das Pessoas de Terceira Idade, penso deveria ter sido  comtemplado expressamente  o       s a u d o s i s m o        como direito  fundamental.
                                           Nesses  tempos em que vivo os altos e baixos da Terceira Idade, fui surpreendido  por um sentimento intenso de saudosismo. A primeira saudade que  me acudiu foi a saudade das cartas.
                                            Sou do tempo das cartas por via  postal, que carregavam um certo  mistério.
                                            A primeira beleza  das cartas é que dependiam da entrega e o  carteiro muitas vezes era esperado com ansiedade e alegria.
                                             Não foi à toa que a alma  de Pablo  Neruda atingiu culminâncias  em "O Poeta e o Carteiro". Numa  perdida ilha do Mediterrâneo, um carteiro recebe  a  ajuda  do poeta Pablo Neruda para,  através  da Poesia, conquistar o amor de Beatrice, sua eleita. O carteiro, que era o mediador da correspondência do Poeta, aprende, aos poucos, a traduzir em palavras seus sentimentos pela amada. Em troca, Mario, o carteiro foi o interlocutor do Poeta, mostrando-se capaz de ouvir suas lembranças do Chile e compreender as dores do exilado.
                                             Guardo todas as cartas que recebi de minha mulher, quando éramos namorados.
                                              Como ela também  guardou as que mandei, temos em nosso arquivo todas as cartas que trocamos. Tenho saudades também do flerte. Hoje já não se flerta mais. Flerte que coisa linda ! Mulher objeto ?  De forma nenhuma...      Mulher destinatária....    da admiração. do encantamento, do discreto desejo.
                                               Hoje supriram-se  as etapas do amor. Numa sociedade capitalista não se perde tempo. O tempo destinado a poesia, numa sociedade de consumo, escrava do ter, desalmada, é tempo perdido.
                                                Mas temos de reagir, Salvaguardar a Poesia, porque Poesia é Humanismo.
                                                Que mundo triste seria este mundo se desaparecessem os  poetas.
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                                                 " Mãos cabelos, corpo, musculos, seios, extraordinário milagre de coisas suaves e sensíveis, tépidas, feitas para serem infinitamente amadas.
                                                   Mas o seu  belo braço, foi  num instante para mim a propria imagem da vida, e não esquecerei depressa"                  (Ruben  Braga)


"Pode teu seio roçar de leve em meu braço, podes ficar em  silêncio  , olhando hoje    -     não me torturo:   uma grande, uma total serenidade desceu sobre nós na noite leve leve, clara clara,  clara e leve "
                                                                     (Newton Braga

"Trancou-se no quarto, olhou-se no pequeno espelho, reparou que o rosto estava esfogueado, considerou demoradamente o seu corpo, apalpou com complacência os seios rijos, cujos bicos ficaram entumescidos, imaginou, pela centésima vez, as carícias, os abraços os beijos do namorado, que já não tinha mais  o que esperar"                           (Aylton Rocha Bermudes)

                         Autopsicografia  

."O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente

E os leêm o que escreve
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve
Mas só as que eles não tem

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse  comboio de corda
Que se chama coração"
   ( Fernando Pessoa)

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Vejamos  o que disseram logo abaixo:

"A poesia é uma forma de agarrar a vida pela garganta"      (Robert FRost)

"Cartas de amor são promessas de campanha do coração"

"Se caminhar fosse saudável, o carteiro seria imortal"   ( Arnaldo Jabor)

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