quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

PEDRO MALASARTES


Feijão,cebola e gordura ajudam, mas o forte é a  pedra...

O homem  que das pedras fazia sopa


Heroi sem caráter, esperto, trapaceiro e simpático, protagonista de antigas fábulas  ibéricas, Pedro Malasartes saiu da moda. Só as pessoas mais velhas lembram das peripécias do personagem imaginário  que por muitos séculos divertiu crianças e jovens  em Portugal , Espanha e terras colonizadas pelos dois países.
No  Brasil, falou-se em Pedro  Malasartes no primeiro livro infantil nacional, Contos  da Caronchinha, de 1894, escrito por  Figueiredo Pimentel. Poderia ter caído no ostracismo, não fosse o socorro de Mazzaropi, que o representou no filme  As Aventuras de Pedro Malasartes, de 1960;  de Renato Aragão que lhe dedicou um programa especial na T.V. Globo em l998; e de Ana Maria Machado, que o recontou no livro  Histórias à Brasileira. Ninguém lembraria por ex. da antológica sopa de pedra  inventada por ele.
Luis  da Câmara Cascudo no dicionário do Folclore Brasileiro (Globo Editora- 2.000)  descreve-o  como "o tipo feliz da inteligência despudorada e vitoriosa sobre os crédulos, os avarentos, os parvos, os orgulhosos, os ricos, os vaidosos, expressões garantidoras da simpatia pelo herói sem caráter"
Diz também que a mais antiga  referência lusitana a esse legitimo representante da literatura picaresca se encontra no Cancioneiro da Vaticana, do século 16  "Chegou Payo de maas  Artes..."    Na  Espanha onde aparece em um documento  do século 12 , chamam-no Pedro  de Urdemalas , no Chile e México vira Pedro  Urdemales; Na Argentina, Bolivia, Paraguai, Peru e Venezuela é Pedro  Rimales.
Em todos os lugares inventa a sopa de pedras , exceto em Portugal, onde trocam nessa fábula por um frade  de uma, ordem que, proibida de ter  bens, obrigava os religiosos  a viverem  da caridade  alheia.
Vamos então a famosa sopa:

Cansado e faminto, Malasartes  bateu na porta da casa de uma mulher  avarenta. "Consiga-me alguma coisa para comer",  implorou. O galinheiro estava cheio, a horta repleta , o pomar  carregado , porém ela
 . respondeu não ter nada.  "Sendo assim. vou fazer uma sopa de pedra", disse Malasartes. Então pegou uma pedra no chão e lavou bem. Depois pediu uma panela  de barro e um fogão para cozinhar.  "Oras essas coisas  eu tenho admitiu a mulher.
Malasartes acendeu o fogo , colocou a pedra na panela, encheu-a de água e quando começou a chiar, provou a  "sopa". Está ótima mas ficaria melhor se tivesse um pouco de gordura  avaliou.
A mulher trouxe um pedaço de toucinho. A seguir solicitou orelha de porco, depois  morcela, sal, feijão-mulatinho, batata, couve, coentro e pimenta-do-reino, sendo atendido . Preparada a sopa , ofereceu um prato a mulher que a adorou. Na panela  restou apenas a pedra, Malasartes a  lavou novamente e guardou-a no bolso. Carrego-a comigo para fazer outra sopa outro dia em que precisar enganar outra velha boba, explicou. Saiu disparando..
Em Portugal, a sopa de pedra é levada a sério. A cidade de Almerim, no Ribatejo, a 70 quilometros de Lisboa, transformou-a  em atração turistica. Quase todos os seus  restaurantes a preparam.

Source:  Dias Lopes
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